Integração e Deploy Contínuos (Parte 1)

Quando se tem projetos com uma grande quantidade de desenvolvedores é comum nos encontrar em uma situação onde erros com relação ao código e testes desenvolvidos acontecem. Você pode dizer, “ah, meu projeto tem 100% de cobertura de testes, isso nunca acontecerá”, (mesmo sabendo que 100% de cobertura de testes é apenas uma ilusão) mas você sabe que acontece. Primeiramente, somos humanos. Eventualmente vamos errar, até mesmo o teste pode estar errado.

O que fazer quando temos aquela clássica situação de “funciona na minha máquina, o problema é na sua”? Todos já passaram por isso pelo menos uma vez na vida. Agora, a parte que costuma ser esquecida: rodar os testes somente no seu computador não é o suficiente! Por que? Porque ele está viciado. Sim, você já estava com o projeto “semi pronto” e isso pode deixar passar alguns problemas.

O ideal, seria que você construísse um novo ambiente, do zero, realizasse todo o processo de preparação dele para rodar a aplicação e então rodasse os testes. Mas se o projeto é grande, rodar todos os testes já deve tomar um tempo considerável, imagina então montar o ambiente do zero… Para nos ajudar com este problema, nós, na Algorich a técnica de integração contínua.

Integração Contínua

Mas que diabos é isso?

Integração Contínua é uma pratica de desenvolvimento de software onde os membros de um time integram seu trabalho frequentemente, geralmente cada pessoa integra pelo menos diariamente – podendo haver multiplas integrações por dia. Cada integração é verificada por um build automatizado (incluindo testes) para detectar erros de integração o mais rápido possível. Muitos times acham que essa abordagem leva a uma significante redução nos problemas de integração e permite que um time desenvolva software coeso mais rapidamente.

Resumidamente, o tal “build automatizado” é quem vai fazer aquele procedimento trabalhoso de montar o projeto em um ambiente limpo e então verificar se os testes do projeto estão passando. Em um caso de falha de algum dos testes, toda a equipe é rapidamente notificada via email (o que pode facilitar integração com outros serviços externos, como o Trello). A partir dai, a equipe pode rapidamente idenfiticar a fonte deste erro e corrigî-lo, para que não sejam introduzidos erros no projeto junto com uma nova funcionalidade ou refatoração.

Mas não para por ai, calma, jovem. Um processo de integração contínua pode fazer muito mais por você do que você imagina. Vamos pensar: o que você precisa, ou desejaria, que fosse feito a cada commit enviado para o repositório? Aposto que você pensou naquele deploy para o servidor de staging. Se não pensou, ou nem tem um servidor de staging, ou nem sabe o que é isso, meu amigo… Recomendo que você leia esse material.

Deploy contínuo

Então, se a idéia de integração contínua é automatizar as coisas (inicialmente, a integração do seu código com o repositório), por que não automatizar também o deploy para o ambiente staging? Assim, seu cliente terá um ambiente muito próximo ao de produção para poder testar as funcionalidades e encontrar bugs enquanto isso. Acredite, a quantidade de bugs que seus clientes encontrarão no servidor de staging vai te assustar, porque nós, desenvolvedores, não pensamos como usuários, por mais que nos esforcemos e acabamos deixando muita coisa passar. E nada melhor do que resolver isso antes do projeto entrar em produção, certo?

Mas peraí, faltou um detalhe: não podemos deixar o ambiente de staging uma bagunça! Vamos atualizar o código de staging se, se somente se, todos os testes do build passarem, assim podemos ter (e dar ao cliente também) uma garantia maior que o sistema não possui algum comportamento indesejado ou bug.

Agora você deve estar pensando em copiar e colar todos aqueles comandos que você usa para fazer seu deploy, né? Pois é, vamos dar um jeito nisso. A idéia é automatizar tudo! Testes foram automatizados para poupar tempo e evitar falha durante este processo delicado e repetitivo dentro da metodologia ágil, por que não automatizar o deploy também? Para cada caso, cada linguagem e até framework, existe a ferramenta de automatização de deploy adequada. Para nossos projetos web, onde usamos Ruby on Rails, utilizamos o Capistrano para esta tarefa, que com os scripts e recipes pré-definidos, basta um simples comando para fazermos um deploy para o servidor de staging ou produção, quando necessário, sem qualquer preocupação, sem erros.

Colocando tudo isso pra funcionar

Como dito anteriormente, nós da Algorich, utilizamos integração e deploy contínuos em nossos projetos. Para isso, usamos o Jenkins (uma conhecida ferramenta de integração contínua, software livre, e em constante evolução), Gitlab (nosso repositório de código) e o Trello (organização e gerenciamento dos projetos).

Jenkins E como isso tudo se junta? Bem, através do plugin Gitlab Hook para o Jenkins, ele ficará escutando em uma determinada URL para receber requests que informarão sobre novos commits enviados ao repositório remoto. Em seguida, configuramos nos nossos repositórios para que eles enviem essa esperada requisição a cada push feito, através da interface de administração do Gitlab, e pronto, temos uma build disparado no projeto. Novamente no Jenkins, dizemos qual é o tipo de versionamento do projeto, o endereço do repositório remoto e quais comandos ele executará após clonar o projeto. Estes comandos são: instalação das dependências, um drop em qualquer banco de dados do projeto existente, execução das migrações do banco de dados ou criação das tabelas, execução dos testes e o deploy para staging. É importante notar que, caso sua ferramenta de testes gere uma saída de erro para o terminal, o build não chegará na parte do deploy. Caso contrário, você precisará fazer algo para “descobrir” quando aconteceu algum erro e evitar manualmente que o deploy seja iniciado.

O Jenkins é uma ferramenta completíssima e com inúmeros plugins, então pensamos: vamos integrar isso com o Trello? Vamos! E qual é a alternativa mais simples? Não sei se vocês sabem, mas é possível criar cards em um quadro do Trello via email. Dito e feito. Após a execução do build, em caso de falha, um email é enviado para um board do Trello específico para nossas builds (previamente criado por nós), que transforma-o em um card na lista correta, bingo!

Conclusão

Através desse grupo de ferramentas, conseguimos, dentre muitos outros pontos:

  1. Diminuir a quantidade de deploys enviados para staging com bugs, e ainda mais para produção;

  2. Diminuir a quantidade de pedidos do tipo “ai cara, faz um deploy pra mim” durante todo o dia de trabalho;

  3. Ter um feedback ainda mais rápido dos nossos clientes, que viam as funcionalidades assim que o build e deploy finalizava com sucesso e o card da tarefa no Trello era movido para “Pronto”;

Bom galera, tentamos fazer aqui apenas uma descrição sucinta do que é deploy e integração contínua, apresentar as ferramentas que usamos para realizar estes importantes processos e como interligamos elas. Aguardem novos posts com tutoriais passo-a-passo de como configurar todas elas para fazer sua própria integração contínua!